A VINDA DOS
SERINGUEIROS PARA O ACRE E O MODO DE VIDA NOS SERINGAIS
*Seringalista- Como exportador estou perdendo dinheiro.
*Fornecedor- Eu também, como fornecedor de mantimento. Tudo por falta de
gente para extrair a borracha.
O problema também é teu, seringalista. Como vamos resolvê-lo?
*Seringalista- É difícil trabalhar porque os índios atacam os seringueiros.
*Fornecedor- Que índio? Não resta quase nada. O importante é que haja
borracha quando os navios europeus chegarem.
*Seringalista- Vamos trazer os cearenses pra Amazônia. Trocam a seca pelo
“inferno verde”.
*Fornecedor- Pelo menos aqui o que não falta é água.
*Nordestino- O jeito mesmo é eu ir pro Amazonas.
*Mulher- Tu achas? É muito longe! E tem muito índio.
*Nordestino- Eu nunca errei um tiro. Ela não é o fim do mundo
.
*Menino- Tu vai e volta rico, né pai?
*nordestino- Se num voltar rico, mas trago um dinheiro de lá.
*Mulher-Então vá com Deus.
*Seringalista- Pronto seu Bravo, agora já tem mantimento. Só falta trazer a
seringa.
*Seringueiro- Seringa?
*Seringalista- Seringa sim! É o que eu quero. Daqui três meses venha buscar
mais mantimento.
*Seringueiro- Seringa eu trago sim, mas de mantimento quase não vou
precisar, porque também sou agricultor. Sei plantar o que comer.
*Seringalista- Não vai plantar roça nenhuma!!! Vieste para extrair borracha
e é o que vais fazer. Humm....
*Seringueiro- Mas o senhor vende muito caro. Desse jeito num sobra
dinheiro pra minha família que ficou no Ceará.
*Seringalistas- Comprei caro, não posso vender barato.
Olha ai, chegou o mateiro.
-Mateiro, diz ai
como é a lei por aqui!
*Mateiro- Nenhum seringalista emprega
seringueiro foragido de um seringal.
*Seringalista- Há,há há...Entendeste? E se
um jagunço meu te pegar...
2º ato—A família
do seringueiro se deitam para dormir, em seguida levantam como se fosse de
madrugada, 02h00min h, para cortar seringa com seu filho mais velho.
*Bastião - Maria, minha velha, vá fazer o quebra jejum que nós já vamos sair
pra estrada.
*Maria- Já vou fazer meu velho.
*Bastião- Chiquinho vá pegar a espingarda pra nós levar, por causa dos bichos
do mato.
*Chiquinho – Sim senhor pai!
*Maria- Bastião ta aqui o quebra jejum e a marmita pra vocês levarem pra
estrada.
*Bastião- Hô Mundico,meu filho, você ajude sua mãe em
casa.
E não se esqueça
de pegar ouriço de castanha vazio pra colocar no defumador.
*Mundico- Sim pai.
Bastião e
Chiquinho saem para cortar seringa e de repente vêem uma onça no meio da mata,
mas ela some rapidamente.
*Chiquinho- Pai acho que tem uma onça ali
*Bastião- Onde? Onde? Me da aqui a espingarda pra
eu passar bala nela..... Merda, ela foi embora. Vamos pra casa.
Chegando no
tapiri Bastião fala com sua esposa.
*Bastião- Maria coloca uma bóia pra nós que tamos varados de fome.
Depois de comerem
vão para o defumador e começam a defumar o látex. De repente chega o
seringalista com seus capangas.
*Seringalista- Sebastião você ta produzindo pouca
borracha. Ta muito preguiçoso e deve muito lá no barracão.Vim só avisar,quero
mais borracha!
*Bastião- Mas coronel eu to trabalhando com meu filho
pra produzir mais seringa...
*Seringalista- Mas ainda ta pouco. Já ta avisado!!! E tem
mais... vou mandar olhar a colocação pra vê se você ta fazendo roçado. Tu sabes
que eu não quero plantação por aqui. Se tive...hummm.
Essa era a vida
do seringueiro. Exploração, ameaças, medo...
Mas é claro que
ele também tinha sua diversão.
Em sua maioria o
seringueiro é apaixonado por festas, por danças de forró.
3º Ato—Os
seringueiros mais supersticiosos acreditam na existência da PANEMA.Situação em
que ficam azaradospara matarem caças.Não conseguem matar nenhum animal da
floresta.Fazem pontaria,.Atiram e erram.
*Seringueiro- Deusuíte minha velha, vou me embrenhar no
meio do mato para caçar uma paca pra gente almoçar.
*Deusuíte- Então vá meu velho!!!
*Seringueiro- opa acho que to vendo uma cutia. POOU!!!
Puxa vida não
pegou! Agora to vendo um veado!!! POOOU!!!
Merda,acho que to
panemado.Vou lá na casa do cumpade pra vê se ele sabe de algum remédio.
*Seringueiro- Cumpade acho que to com
panema, não consigo matar nenhuma caça.O senhor conhece algum remédio para
curar?
*Compadre- Sei sim.É só você pegar o tipi, a pena de
nambu azul, o cabelo de um porquinho do mato, o cabelo de um veado,colocar
dentro de uma panela,ferver e receber o vapor.
Aí você esta
pronto pra caçar novamente.
*Seringueiro- Ta certo cumpade,muito obrigado.
NARRADOR- Essa é
a vida do seringueiro.
E essa é sua
oração...
“SERINGUEIRA QUE
ESTÁS NA SELVA
MULTIPLICADOS
SEJAM OS VOSSOS DIAS
VENHA A NÓS O
VOSSO LEITE
SEJA FEITA A NOSSA
BORRACHA
ASSIM NA PRENSA
COMO NA CAIXA
PARA O SUSTENTO DE
NOSSAS FAMÍLIAS
NOS DAÍ HOJE E
TODOS OS DIAS
PERDOAI NOSSA
INGRATIDÃO
ASSIM COMO NOS
PERDOAMOS
AS MALDADES DO
PATRÃO
E AJUDAI A NOS
LIBERTAR
DAS GARRAS DO
REGATÃO"
AMÉM!”
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