quinta-feira, 22 de março de 2012

Teatro Modo de vida nos seringais do Acre



A VINDA DOS SERINGUEIROS PARA O ACRE E O MODO DE VIDA NOS SERINGAIS


*Seringalista- Como exportador estou perdendo dinheiro.

*Fornecedor- Eu também, como fornecedor de mantimento. Tudo por falta de gente para extrair a borracha.
O problema também é teu, seringalista. Como vamos           resolvê-lo?

*Seringalista- É difícil trabalhar porque os índios atacam os seringueiros.

*Fornecedor- Que índio? Não resta quase nada. O importante é que haja borracha quando os navios europeus chegarem.

*Seringalista- Vamos trazer os cearenses pra Amazônia. Trocam a seca pelo “inferno verde”.

*Fornecedor- Pelo menos aqui o que não falta é água.

*Nordestino- O jeito mesmo é eu ir pro Amazonas.

*Mulher- Tu achas? É muito longe! E tem muito índio.

*Nordestino- Eu nunca errei um tiro. Ela não é o fim do mundo
.
*Menino- Tu vai e volta rico, né pai?
*nordestino- Se num voltar rico, mas trago um dinheiro de lá.

*Mulher-Então vá com Deus.

*Seringalista- Pronto seu Bravo, agora já tem mantimento. Só falta trazer a seringa.

*Seringueiro- Seringa?

*Seringalista- Seringa sim! É o que eu quero. Daqui três meses venha buscar mais mantimento.

*Seringueiro- Seringa eu trago sim, mas de mantimento quase não vou precisar, porque também sou agricultor. Sei plantar o que comer.

*Seringalista- Não vai plantar roça nenhuma!!! Vieste para extrair borracha e é o que vais fazer.  Humm....

*Seringueiro- Mas o senhor vende muito caro. Desse jeito num sobra dinheiro pra minha família que ficou no Ceará.

*Seringalistas- Comprei caro, não posso vender barato.
Olha ai, chegou o mateiro.
-Mateiro, diz ai como é a lei por aqui!

*Mateiro- Nenhum seringalista emprega seringueiro foragido de um seringal.

*Seringalista- Há,há há...Entendeste? E se um jagunço meu te pegar...

2º ato—A família do seringueiro se deitam para dormir, em seguida levantam como se fosse de madrugada, 02h00min h, para cortar seringa com seu filho mais velho.

*Bastião - Maria, minha velha, vá fazer o quebra jejum que nós já vamos sair pra estrada.
*Maria- Já vou fazer meu velho.
*Bastião- Chiquinho vá pegar a espingarda pra nós levar, por causa dos bichos do mato.
*Chiquinho Sim senhor pai!
*Maria- Bastião ta aqui o quebra jejum e a marmita pra vocês levarem pra estrada.
*Bastião- Hô Mundico,meu filho, você ajude sua mãe em casa.
E não se esqueça de pegar ouriço de castanha vazio pra colocar no defumador.
*Mundico- Sim pai.

Bastião e Chiquinho saem para cortar seringa e de repente vêem uma onça no meio da mata, mas ela some rapidamente.

*Chiquinho- Pai acho que tem uma onça ali
*Bastião- Onde? Onde? Me da aqui a espingarda pra eu passar bala nela..... Merda, ela foi embora. Vamos pra casa.

Chegando no tapiri Bastião fala com sua esposa.

*Bastião- Maria coloca uma bóia pra nós que tamos varados de fome.
Depois de comerem vão para o defumador e começam a defumar o látex. De repente chega o seringalista com seus capangas.

*Seringalista- Sebastião você ta produzindo pouca borracha. Ta muito preguiçoso e deve muito lá no barracão.Vim só avisar,quero mais borracha!
*Bastião- Mas coronel eu to trabalhando com meu filho pra produzir mais seringa...
*Seringalista- Mas ainda ta pouco. Já ta avisado!!! E tem mais... vou mandar olhar a colocação pra vê se você ta fazendo roçado. Tu sabes que eu não quero plantação por aqui. Se tive...hummm.

Essa era a vida do seringueiro. Exploração, ameaças, medo...
Mas é claro que ele também tinha sua diversão.
Em sua maioria o seringueiro é apaixonado por festas, por danças de forró.

3º Ato—Os seringueiros mais supersticiosos acreditam na existência da PANEMA.Situação em que ficam azaradospara matarem caças.Não conseguem matar nenhum animal da floresta.Fazem pontaria,.Atiram e erram.
 
*Seringueiro- Deusuíte minha velha, vou me embrenhar no meio do mato para caçar uma paca pra gente almoçar.
*Deusuíte- Então vá meu velho!!!
*Seringueiro- opa acho que to vendo uma cutia. POOU!!!
Puxa vida não pegou! Agora to vendo um veado!!! POOOU!!!
Merda,acho que to panemado.Vou lá na casa do cumpade pra vê se ele sabe de algum remédio.
*Seringueiro- Cumpade  acho que to com panema, não consigo matar nenhuma caça.O senhor conhece algum remédio para curar?
*Compadre- Sei sim.É só você pegar o tipi, a pena de nambu azul, o cabelo de um porquinho do mato, o cabelo de um veado,colocar dentro de uma panela,ferver e receber o vapor.
Aí você esta pronto pra caçar novamente.
*Seringueiro- Ta certo cumpade,muito obrigado.

NARRADOR- Essa é a vida do seringueiro.
E essa é sua oração...

“SERINGUEIRA QUE ESTÁS NA SELVA
MULTIPLICADOS SEJAM OS VOSSOS DIAS
VENHA A NÓS O VOSSO LEITE
SEJA FEITA A NOSSA BORRACHA
ASSIM NA PRENSA COMO NA CAIXA
PARA O SUSTENTO DE NOSSAS FAMÍLIAS
NOS DAÍ HOJE E TODOS OS DIAS
PERDOAI NOSSA INGRATIDÃO
ASSIM COMO NOS PERDOAMOS
AS MALDADES DO PATRÃO
E AJUDAI A NOS LIBERTAR
DAS GARRAS DO REGATÃO"

AMÉM!

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